Um estudante de 14 anos pode ser expulso de um dos mais caros colégios de São Paulo porque levou para a sala de aula um revólver calibre 38 na mochila. Depois, o garoto teria escondido a arma no seu armário. O caso aconteceu no dia 13 de março na Escola Nossa Senhora das Graças, apelidado de “Gracinha”, no Itaim Bibi, na Zona Sul, que tem mensalidade em torno de R$ 1.600.
Segundo funcionários da escola, que aceitaram falar com o G1 sob a condição de anonimato, nenhum disparo foi feito, mas pais de alunos que souberam do fato cobram uma posição da diretoria. Uns querem a expulsão porque o jovem colocou em risco a vida dos colegas. Já outros pais entendem que isso não resolverá o problema e sugerem medidas socioeducativas para recuperar o aluno infrator. O caso foi divulgado na quarta-feira (25) pelo jornal "Folha de S.Paulo".
O revólver seria do pai do garoto. Apesar disso, segundo a Secretaria da Segurança Pública, não há registro de boletim de ocorrência sobre esse caso na região. E quem denunciou o aluno teriam sido os próprios pais do menino.
Eles disseram que o garoto foi suspenso preventivamente. A informação não foi confirmada pela escola, que divulgou uma nota nesta quinta-feira (26) sobre o assunto (leia abaixo).
Justiça
O juiz Egberto de Almeida Penido, disse ter sido contatado por pessoas ligadas à escola – um juiz da Vara da Infância e Juventude tem filhos que estudam lá – para saber da possibilidade de a questão ser resolvida por meio da Justiça Restaurativa, que visa a resolução do conflito por meio de técnicas não violentas que buscam a participação de todos os envolvidos para resolver a questão por meio do diálogo.
“É uma forma de lidar com a violência sem ser violento, negligente nem indiferente”, resumiu Penido, que é o responsável pela implementação de projetos nas varas especiais da Infância e Juventude da capital.
A Justiça Restaurativa é aplicada em escolas públicas de Heliópolis e Ipiranga, ambos na Zona Sul, e também em colégios de São Caetano, no ABC, e de Guarulhos, na Grande São Paulo.
O juiz disse que pelo o que soube do caso a questão provavelmente pode ser resolvida por meio da Justiça Restaurativa. Ele é ex-aluno do Gracinha, onde cursou o 2º e 3º ano do ensino médio. Uma das facilitadoras do projeto, Sylvana Casarotti, esteve, a pedido do juiz, numa reunião com orientadores educacionais, coordenadores pedagógicos e a direção da escola para explicar à instituição como o assunto poderia ser tratado do ponto de vista da Justiça Restaurativa. Ela aguarda uma resposta da escola para saber se eles vão querer que ela ajude na questão. Sylvana acredita que o problema pode ser resolvido por meio do diálogo.
“Se você expulsa o aluno você só transfere o problema. É melhor conversar para resolver o conflito”. Segundo ela, já houve casos parecidos em escolas estaduais e, na maioria das vezes, a questão foi resolvido com o diálogo.
Leia a íntegra da nota divulgada pela escola:
“Com relação à demanda deste veículo, a Escola Nossa Senhora das Graças confirma o lamentável incidente ocorrido na última semana, quando um de nossos alunos, do 8º ano, trouxe uma arma à escola.
Por se tratar de um tema que impacta diretamente na comunidade escolar, em particular, e na sociedade, em geral, reservamo-nos ao direito de, neste momento, não comentar outras informações, além das contidas neste comunicado. Qualquer decisão definitiva será tomada após muitas reflexões e considerações, levando-se em conta todas as suas implicações, o que deverá ocorrer até o final desta semana.
No entanto, cientes da gravidade deste fato, informamos que vimos tomando as medidas pedagógico-educacionais necessárias para a condução do caso.
Por fim, independentemente da decisão final sobre esse caso específico, já intensificamos em sala de aula nosso trabalho com valores, dando mais ênfase ao combate à violência, foco de discussões e reflexões atuais.”
A escola ainda não deicidiu o que fazer com o aluno, se irá aplicar uma punição, suspensão, expulsão ou mantê-lo no colégio."
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