A ação inaugurou o projeto inédito no Poder Judiciário: os círculos de paz nas unidades prisionais; tanto do presídio feminino, quanto do masculino e aos servidores do sistema (agentes penitenciários, professores, psicólogos).
A psicóloga e facilitadora de Círculos de Justiça Restaurativa e Construção de Paz, Roseli Barreto, explicou que a busca pela humanização das relações devem ser celebradas. “A importância é tudo, pois estamos trazendo uma ferramenta da justiça restaurativa para trabalhar a humanização. Dar vez e voz para cada um e trazer boas expectativas para a pacificação social. Para a equipe técnica e também para quem está privado de liberdade”, comentou.
Os métodos não conflitivos para solução de problemas já são praticas desenvolvidas na comarca. “Essa alternativa já vem sendo aplicada aqui, por meio do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), e também na vara da infância e juventude. O trabalho foi iniciado em outubro nas áreas de proteção a criança e adolescente que inclui Creas, Secretaria de Saúde, Conselho Tutelar e na rede de Educação”, comentou a juíza da infância e juventude e responsável pelo Cejusc de Tangará, Leilamar Rodrigues.
No futuro as ações devem ser expandidas para a Segunda Vara Criminal - que trata a violência doméstica na comarca. “A princípio iniciaremos atuando na violência doméstica com círculos não conflitivos. O objetivo é evitar que haja reincidência e futuras situações de agressões”, disse a juíza da Segunda Vara Criminal, Ana Paula Gomes de Freitas.
Para o defensor público, Iderlipes Pinheiro de Freitas Junior e para o promotor de justiça, Caio Loureiro a ação deve ser celebrada e difundida. “Acredito que esse projeto é saudável e salutar para nossa sociedade. Minimiza os nossos problemas, os conflitos em geral e é extremamente importante”, elogiou o defensor.
O diretor do Centro de Detenção Provisória de Tangará da Serra, Valdinei Parrizi, reiterou a relevância do projeto. “Estamos abertos para ajudar ações como esta no que for necessário, e acredito que isso possa trazer uma mudança de vida. O fato de se conhecer a história do próximo e conviver com o outro já ajuda no sentido de que traz empatia. Isso será muito importante tanto para os reeducandos quanto para os servidores”, concluiu.
A coordenadora do Nugjur, Ana Tereza Pereira Luz, esclareceu que é finalidade da Justiça Restaurativa trabalhar nessa área. “Como viemos formar 25 facilitadores a juíza Cristiane se dispôs a trazer para o sistema penitenciário esse método. Nossa expectativa é tocar os corações dessas pessoas que participaram dos círculos restaurativos. Oportunizando a eles a possibilidade de restauração completa e verdadeira”, explanou.
Oportunidade de conscientização - Para o reeducando, Argemiro José dos santos, 36 anos, a iniciativa foi muito enaltecedora. “Estou achando muito bom, porque nunca tinha participado da minha vida de uma roda de conversa assim. Poder falar da minha vida, ouvir também a história das outras pessoas. Estou me sentindo muito bem por dentro e isso trouxe um espirito leve. Pude recordar dos momentos tranquilos da minha vida e eu saio daqui em paz”, narrou.
Já Anderson de Freitas Ferreira, 29 anos, concluiu que o encontro foi mais um aprendizado. “Para os reeducandos aqui dentro, cada oportunidade é de muita aceitação, pois é um aprendizado que nós levamos. Já estou há muito tempo aqui, e isso ajuda a me reabilitar para a reinserção na sociedade. Muitas pessoas que cometem crimes e vem para o sistema penitenciário, ao sair cometem reincidência. Muito por falta de confiança. Ações como essa nos dão segurança de que a sociedade está abrindo as portas”, comentou o reeducando.
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