Grupo conhecido como Voluntários da Paz surgiu com o objetivo de conter conflitos e, até o momento, já formou mais de mil facilitadores para atuarem em círculos de construção de paz na cidade.
Você já ouviu falar de justiça restaurativa? O termo se consagrou a partir do livro “Justiça Restaurativa: Trocando as Lentes” do sociólogo australiano Howard Zehr e acredita na reparação de danos a partir do diálogo. Em 2010, este conceito foi implementado por meio de uma iniciativa da Prefeitura de Caxias do Sul e do Poder Judiciário pelo Juiz de Direito Leoberto Brancher, no mesmo ano que aconteceu o primeiro curso de justiça restaurativa na cidade, que formou voluntários para atuarem em círculos de construção de paz, metodologia e ferramenta utilizadas para vivenciar a filosofia da justiça restaurativa. O foco da formação era voltado à prevenção da violência e à construção de vínculos familiares, escolares, entre equipes de trabalho e comunidade.
Em 2014 foi promulgada a primeira lei municipal do Brasil para se trabalhar com esse tema, e em novembro de 2015 começa a ser formalmente constituído o grupo Voluntários da Paz em Caxias, com o objetivo de disseminar essa cultura. O coletivo começou a atuar efetivamente em fevereiro de 2016, subsidiado por uma verba das penas alternativas da vara de execução criminal.
O trabalho dos Voluntários da Paz é oportunizar espaços de mudança de concepção e de tomada de consciência tanto pós algum trauma, quanto de forma preventiva mostrando estratégias, estimulando as pessoas a perceberem que existem outras formas de se relacionar com ex-apenados ou pessoas que cometem delitos que não só a forma violenta e punitiva. O objetivo é mostrar que deve haver limites e espaços de punição, e a formação busca promover uma mudança na forma como olhamos para tais conflitos.
– A justiça restaurativa é uma justiça enquanto valor, uma justiça que olha pro ser humano e pensa em suas necessidades, que empodera as pessoas que estão envolvidas em uma situação que gerou dano. Pode ser tanto com quem causou o dano quanto quem sofreu o dano. É uma justiça enquanto valor e não enquanto instituição, disse Katiane Boschetti da Silveira, pedagoga, facilitadora e instrutora de Curso de Justiça Restaurativa e Círculos de Construção de Paz.
Voluntários da Paz/ Foto: Arquivo pessoal
Cada curso, do Voluntários da Paz, tem 25 alunos e uma carga horária total de 44 horas presenciais, que iniciam com vivências práticas, prosseguem com um encontro de planejamento das ações, e depois ocorrem oito encontros de supervisão ao longo de seis meses. O grupo já promoveu 45 formações básicas: 976 Facilitadores formados para atuarem em Círculos de Construção de Paz Não-Conflitivos; 8 Formações Avançadas: 165 Facilitadores formados para atuarem em Círculos de Construção de Paz Conflitivos.
-Nem todas as pessoas vão aplicar essa metodologia no seu dia-a-dia mas eu tenho certeza de que todo mundo sai da formação de alguma forma transformado, com um olhar diferente, complementou a pedagoga.
O Voluntários foi uma iniciativa que nasceu como uma construção conjunta entre a Prefeitura Municipal de Caxias do Sul por meio da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social (SSPPS), Universidade de Caxias do Sul (UCS), Fundação Caxias e o Poder Judiciário – CEJUSC (Centro de Solução de Conflitos e Cidadania) da Comarca da cidade e tem três centrais, a central da paz judicial, central da paz da infância e juventude e a central comunitária.
O trabalho dos Voluntários da Paz é oportunizar espaços de mudança de concepção e de tomada de consciência. Levando as pessoas a percepção de que existem outras formas de se relacionar que não só a forma violenta e punitiva. E que devem haver limites e espaços de punição mas que formação busca promover uma mudança na forma como olhamos para os conflitos.
-Muda tudo. A forma como a gente lida com a família, com o trabalho. O conflito é inerente ao ser humano mas buscamos modificar a forma como ele lida com o conflito, com menos violência e de forma mais assertiva. Buscamos empoderar as comunidades para que elas possam descobrir formas de convivência mais saudável, complementa Katiane.
Voluntários da Paz/ Foto: Arquivo pessoal
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