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25 de jun. de 2018

GRUPO DE VOLUNTÁRIOS SE REÚNE EM CAXIAS DO SUL PARA PROMOVER A PAZ POR MEIO DA JUSTIÇA RESTAURATIVA

Grupo conhecido como Voluntários da Paz surgiu com o objetivo de conter conflitos e, até o momento, já formou mais de mil facilitadores para atuarem em círculos de construção de paz na cidade.

Você já ouviu falar de justiça restaurativa? O termo se consagrou a partir do livro “Justiça Restaurativa: Trocando as Lentes” do sociólogo australiano Howard Zehr e acredita na reparação de danos a partir do diálogo. Em 2010, este conceito foi implementado por meio de uma iniciativa da Prefeitura de Caxias do Sul e do Poder Judiciário pelo Juiz de Direito Leoberto Brancher, no mesmo ano que aconteceu o primeiro curso de justiça restaurativa na cidade, que formou voluntários para atuarem em círculos de construção de paz, metodologia e ferramenta utilizadas para vivenciar a filosofia da justiça restaurativa. O foco da formação era voltado à prevenção da violência e à construção de vínculos familiares, escolares, entre equipes de trabalho e comunidade.

Em 2014 foi promulgada a primeira lei municipal do Brasil para se trabalhar com esse tema, e em novembro de 2015 começa a ser formalmente constituído o grupo Voluntários da Paz em Caxias, com o objetivo de disseminar essa cultura. O coletivo começou a atuar efetivamente em fevereiro de 2016, subsidiado por uma verba das penas alternativas da vara de execução criminal.

O trabalho dos Voluntários da Paz é oportunizar espaços de mudança de concepção e de tomada de consciência tanto pós algum trauma, quanto de forma preventiva mostrando estratégias, estimulando as pessoas a perceberem que existem outras formas de se relacionar com ex-apenados ou pessoas que cometem delitos que não só a forma violenta e punitiva. O objetivo é mostrar que deve haver limites e espaços de punição, e a formação busca promover uma mudança na forma como olhamos para tais conflitos.


– A justiça restaurativa é uma justiça enquanto valor, uma justiça que olha pro ser humano e pensa em suas necessidades, que empodera as pessoas que estão envolvidas em uma situação que gerou dano. Pode ser tanto com quem causou o dano quanto quem sofreu o dano. É uma justiça enquanto valor e não enquanto instituição, disse Katiane Boschetti da Silveira, pedagoga, facilitadora e instrutora de Curso de Justiça Restaurativa e Círculos de Construção de Paz.

Voluntários da Paz/ Foto: Arquivo pessoal


Cada curso, do Voluntários da Paz, tem 25 alunos e uma carga horária total de 44 horas presenciais, que iniciam com vivências práticas, prosseguem com um encontro de planejamento das ações, e depois ocorrem oito encontros de supervisão ao longo de seis meses. O grupo já promoveu 45 formações básicas: 976 Facilitadores formados para atuarem em Círculos de Construção de Paz Não-Conflitivos; 8 Formações Avançadas: 165 Facilitadores formados para atuarem em Círculos de Construção de Paz Conflitivos.

-Nem todas as pessoas vão aplicar essa metodologia no seu dia-a-dia mas eu tenho certeza de que todo mundo sai da formação de alguma forma transformado, com um olhar diferente, complementou a pedagoga. 

O Voluntários foi uma iniciativa que nasceu como uma construção conjunta entre a Prefeitura Municipal de Caxias do Sul por meio da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social (SSPPS), Universidade de Caxias do Sul (UCS), Fundação Caxias e o Poder Judiciário – CEJUSC (Centro de Solução de Conflitos e Cidadania) da Comarca da cidade e tem três centrais, a central da paz judicial, central da paz da infância e juventude e a central comunitária.

O trabalho dos Voluntários da Paz é oportunizar espaços de mudança de concepção e de tomada de consciência. Levando as pessoas a percepção de que existem outras formas de se relacionar que não só a forma violenta e punitiva. E que devem haver limites e espaços de punição mas que formação busca promover uma mudança na forma como olhamos para os conflitos.

-Muda tudo. A forma como a gente lida com a família, com o trabalho. O conflito é inerente ao ser humano mas buscamos modificar a forma como ele lida com o conflito, com menos violência e de forma mais assertiva. Buscamos empoderar as comunidades para que elas possam descobrir formas de convivência mais saudável, complementa Katiane.

Voluntários da Paz/ Foto: Arquivo pessoal

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“Se você é neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado opressor.” Desmond Tutu.

“Perdoar não é esquecer, isso é Amnésia. Perdoar é se lembrar sem se ferir e sem sofrer. Isso é cura. Por isso é uma decisão, não um sentimento.” Desconhecido.

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Marcel Proust


Livros & Informes

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  • AGUIAR, Carla Zamith Boin. Mediação e Justiça Restaurativa. São Paulo: Quartier Latin, 2009.
  • ALBUQUERQUE, Teresa Lancry de Gouveia de; ROBALO, Souza. Justiça Restaurativa: um caminho para a humanização do direito. Curitiba: Juruá, 2012. 304p.
  • AMSTUTZ, Lorraine Stutzman; MULLET, Judy H. Disciplina restaurativa para escolas: responsabilidade e ambientes de cuidado mútuo. Trad. Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2012.
  • AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de; CARVALHO, Salo de. A Crise do Processo Penal e as Novas Formas de Administração da Justiça Criminal. Porto Alegre: Notadez, 2006.
  • CERVINI, Raul. Os processos de descriminalização. 2. ed. rev. da tradução. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
  • FERREIRA, Francisco Amado. Justiça Restaurativa: Natureza. Finalidades e Instrumentos. Coimbra: Coimbra, 2006.
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  • Justiça Restaurativa. Revista Sub Judice - Justiça e Sociedade, n. 37, Out./Dez. 2006, Editora Almedina.
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