O aluno em questão (pelas informações que vieram a público) não tem as características dos ditos “antissociais”, que são desafiadores, violentos e sem autocrítica. Ao contrário, esse aluno se submeteu às ordens, se sentiu humilhado, envergonhado, deprimido e sem coragem de voltar ao colégio. A professora também não teve uma conduta representativa da grande maioria de suas colegas, que segue priorizando a didática do diálogo, do exemplo, exercitando a paciência e a criatividade diariamente, para educar com sabedoria.
O verdadeiro desafio para milhares de mestres no nosso país não são os alunos que se submetem, como esse de Viamão. Difícil mesmo é lidar com jovens que, além de não acatar a autoridade, desafiam, ameaçam e agridem – dentro e fora da área da escola. Fosse a um desses membros de gangue que se tivesse enfrentado, os problemas seriam bem maiores que explicar os excessos cometidos, que exorbitam das funções do magistério, por mais compreensíveis que sejam reações de indignação com atitudes incivilizadas dos alunos.
O drama maior com o qual a sociedade está às voltas não é o dos limites legais dos nossos atos, mas, sim, o dos locais onde as “leis” e os limites reais são determinados pelo crime organizado, ao invés de pelo Estado. Há muito a ser feito, dentro do previsto na Constituição, como é o caso da função das guardas municipais de zelar pelo patrimônio público. Uma “história de superação” de uma professora, no filme Mentes Perigosas, mostra a protagonista (Michelle Pfeiffer) interagindo com os dramas sociais das famílias dos alunos com problemas. O mais próximo desse engajamento, entre nós, são os “Círculos Restaurativos”, nos quais os conflitos são enfrentados com a participação ativa dos envolvidos, dos seus familiares e da própria comunidade. Esses círculos (promovidos pela Justiça Restaurativa, em implantação no Estado), ao contrário de enfrentamentos físicos ou imposições de força, proporcionam desafios emocionais cuja superação tem elevado a moral dessas comunidades.
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