Desde 2005, o projeto do Judiciário estadual Justiça para o Século 21 vem instituindo práticas da Justiça Restaurativa para resolver conflitos de forma pedagógica, impedindo que avançassem à esfera judicial. Lílian Franzmann, juíza da Vara da Infância e Juventude de Santa Maria, explica:
– Hoje, a maior parte dos encaminhamentos de violência na escola, nem digo bullying, vai parar na polícia. O que a gente percebe é que as pessoas devem se comunicar para resolver os problemas.
Não é crime – Hoje, qualquer pai ou responsável por crianças ou adolescentes que se julgue vítima pode procurar a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) para prestar queixa. Porém, no boletim de ocorrência não constará denúncia de crime de bullying, já que esse delito não existe no Código Penal.
– As queixas podem ser categorizadas como lesão corporal, difamação, constrangimento, perturbação. Mas a maioria dos casos não gera inquérito porque tem baixo potencial ofensivo – explica o delegado interino da DPCA, Marcos Rogério Ribeiro.
É isso o que a Justiça Restaurativa quer evitar. Nela, as partes envolvidas são chamadas para uma conversa, junto com a família. O mediador pode ser um professor ou outra pessoa capacitada. E eles vão contar os fatos, expor os sentimentos. Uma vítima de bullying, pode, por exemplo, dizer ao seu agressor como se sente mal depois agredida. O objetivo não é julgar ninguém, mas fazer com que aquele que molesta ouça, sinta empatia pelo outro, entenda e pare.
– Não dá para mandar o valentão para Marte. Ele muitas vezes precisa de ajuda tanto quanto a pessoa que ele agrediu – diz a juíza Lílian.
Zero hora. 08/02/2011 | N° 2733
Um comentário:
Muito interessante. Parabéns pelo blog...
Carolina Giannoni Camargo
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