Professores e alunos de Direito, Psicologia e Teologia vão atuar no movimento por nova visão conciliadora para solução de conflitos criminais
A UniFil vai colaborar diretamente com o trabalho de implantação da Justiça Restaurativa em Londrina, envolvendo professores e alunos dos curso de Direito, Psicologia e Teologia em ações e levantamento de dados que despertem na comunidade a importância de se buscar novas formas de solução de conflitos criminais.
Com a iniciativa, a universidade capacitará futuros profissionais com uma nova visão conciliadora e pacificadora, além de se integrar ao núcleo de entidades e instituições londrinenses que defendem a aplicação das leis não apenas com enfoque de punição, mas também com o objetivo da ressocialização.
"A Justiça Restaurativa vem conquistando espaço no Brasil. É um conceito mais moderno que visa a conciliação, a reparação de danos com atitudes e conscientização, e menos atos punitivos e privativos de liberdade. A realidade mostra que o atual modelo de Justiça Retributiva, predominante no Brasil, apenas pune o mal com outro mal, não resolve o problema causado à
sociedade", analisa o professor de Direitos Humanos e de Direito Constitucional da UniFil, João Ricardo Anastásio Silva.
Ele acrescenta que, na grande maioria dos casos, "o modelo atual só serve para qualificar ainda mais nas prisões superlotadas pessoas que se tornam reincidentes nos crimes que cometeram. Contribui tão somente com o aumento a criminalidade no país", afirma.
O professor coordena na UniFil, o projeto de extensão Restaurando Londrina, que vai selecionar 30 alunos de Direito, 10 de Psicologia e 10 de Teologia e orientá-los com palestras sobre o que é e como funciona a Justiça Restaurativa.
Depois, divididos em grupos, os estudantes levantarão informações para embasar planos de ações do núcleo de implantação da Justiça Restaurativa em Londrina.
Os acadêmicos buscarão dados sobre os internos em penitenciárias, como grau de instrução, religiosidade e situação de processos, se têm acesso à família e a um advogado. As informações servirão de orientação para atividades de ressocialização.
"O que percebemos é que a reincidência em crimes é bem elevada em Londrina. Os presos cumprem penas e voltam a praticar muito mais delitos. Isso demonstra que a forma de punição não teve caráter de ressocialização", ressalta João Ricardo Anastásio Silva.
Outra pesquisa deverá apurar estatísticas sobre uso e posse de armas e a sua relação com os homicídios em Londrina. "São dados que auxiliam no diagnóstico e entendimento sobre a violência na cidade", diz o professor.
Para ele, a adoção da Justiça Restaurativa passa também pela análise do sistema punitivo atual e a conscientização da sociedade sobre a importância de se rever conceitos e práticas na resolução de conflitos e aplicação das leis.
"O curso de Direito e as demais áreas acadêmicas da UniFil querem contribuir com esse importante movimento que surge na cidade. O projeto Restaurando Londrina é uma iniciativa pioneira entre as universidades de toda região. Pretendemos ampliar nossa atuação nesse trabalho, que com o tempo poderá até reduzir a criminalidade", afirma.
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