Pesquisar este blog

6 de jul. de 2012

Rádio discute Justiça Restaurativa


Em mais uma colaboração entre o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e a Rádio Inconfidência, o programa Revista da Tarde, apresentado pela jornalista Déborah Rajão, debateu nesta quinta-feira, 5 de julho, uma parceria recém firmada que já trouxe bons frutos nos locais em que foi testada: a Justiça Restaurativa. O entrevistado, o juiz de Direito Carlos Frederico Braga da Silva falou sobre a iniciativa, que começou a funcionar, em Minas, no mês passado em algumas escolas públicas de Belo Horizonte.
A proposta está sendo implantada no Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte (CIA-BH), sob supervisão do magistrado, e no Juizado Especial Criminal, onde a responsável é a juíza Flávia Birchal. O método, que se baseia em práticas milenares de resolução de conflitos, procura colocar agressor e vítima frente a frente com a meta de restabelecer o respeito mútuo e recuperar o equilíbrio da relação.
Um projeto abraçado por muitos
Conforme o juiz, o método se opõe a um modelo de justiça punitiva ou retributiva, que busca, sobretudo, encontrar o culpado e aplicar penas: "A justiça restaurativa vai além da responsabilização: ela apura quem é o autor do delito e se pergunta sobre as causas que o levaram a agir. Dessa forma, ela adquire um caráter preventivo e educativo".
O Projeto Justiça Restaurativa foi lançado oficialmente em 12 de junho, pela então 3ª vice-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e superintendente da Gestão da Inovação (Agin), desembargadora Márcia Milanez.
Um termo de cooperação técnica entre o Poder Judiciário mineiro, o Governo do Estado de Minas Gerais, o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Município de Belo Horizonte para a implantação da metodologia da justiça restaurativa na comarca de Belo Horizonte foi assinado pelos representantes dos órgãos no dia anterior. Segundo Carlos Frederico Braga da Silva, por essa razão, trata-se de um projeto de perspectivas promissoras, porque ele já nasceu com o apoio de diversas instituições e parceiros.
Transformação do ambiente
O procedimento adotado para a justiça restaurativa é simples e demanda, nas palavras do próprio juiz, apenas a disposição das partes para dialogar, uma mesa redonda e uma sala. No encontro, que é conduzido com o auxílio de uma equipe técnica especializada e do juiz e só pode ser levado a cabo se os envolvidos concordarem em participar voluntariamente, a palavra é dada à vítima.
"Na justiça tradicional, a pessoa ofendida é apenas uma testemunha, mas aqui ela é o foco. Em se tratando, por exemplo, de agressões verbais ou físicas a um professor, o dano é reparado porque o infrator deve encarar sua atitude e reconhecer o seu erro. Assim, a escola é empoderada e ganha legitimidade para restaurar o vínculo e promover o entendimento", explica.
Braga da Silva frisa que a medida não tem o objetivo de ser pontual, mas de efetivamente transformar as relações na comunidade em que é aplicada, e por isso parte da estratégia consiste em capacitar professores e facilitadores do entendimento. Ele diz acreditar que a justiça restaurativa pode reduzir a violência nas escolas e famílias, uma vez que ela implica a elaboração de um plano de ação em que não só vítima e agressor, mas também o ambiente ao redor deles - parentes, amigos, colegas, vizinhos -, é convocado a se modificar.
O juiz destaca, ainda, que, nos casos em que a justiça restaurativa é adotada juntamente com medidas socioeducativas, o infrator recebe de volta sua dignidade e é reintegrado à sociedade, pois a consequência dessas ações é a valorização da convivência e da ética. "Já vi alunos que praticavam bullying se desculparem e se tornarem amigas das vítimas, passando a reprovar sua conduta anterior. É uma situação muito proveitosa, porque as próprias crianças desenvolvem um conceito de justiça e se tornam multiplicadoras de uma nova mentalidade", concluiu.
Assessoria de Comunicação Institucional
Ascom TJMG - Unidade Raja Gabaglia
(31) 3299-4622
ascom.raja@tjmg.jus.br

Nenhum comentário:

“É chegada a hora de inverter o paradigma: mentes que amam e corações que pensam.” Barbara Meyer.

“Se você é neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado opressor.” Desmond Tutu.

“Perdoar não é esquecer, isso é Amnésia. Perdoar é se lembrar sem se ferir e sem sofrer. Isso é cura. Por isso é uma decisão, não um sentimento.” Desconhecido.

“Chorar não significa se arrepender, se arrepender é mudar de Atitude.” Desconhecido.

"A educação e o ensino são as mais poderosas armas que podes usar para mudar o mundo ... se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar." (N. Mandela).

"As utopias se tornam realidades a partir do momento em que começam a luta por elas." (Maria Lúcia Karam).


“A verdadeira viagem de descobrimento consiste não em procurar novas terras, mas ver com novos olhos”
Marcel Proust


Livros & Informes

  • ACHUTTI, Daniel. Modelos Contemporâneos de Justiça Criminal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009.
  • AGUIAR, Carla Zamith Boin. Mediação e Justiça Restaurativa. São Paulo: Quartier Latin, 2009.
  • ALBUQUERQUE, Teresa Lancry de Gouveia de; ROBALO, Souza. Justiça Restaurativa: um caminho para a humanização do direito. Curitiba: Juruá, 2012. 304p.
  • AMSTUTZ, Lorraine Stutzman; MULLET, Judy H. Disciplina restaurativa para escolas: responsabilidade e ambientes de cuidado mútuo. Trad. Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2012.
  • AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de; CARVALHO, Salo de. A Crise do Processo Penal e as Novas Formas de Administração da Justiça Criminal. Porto Alegre: Notadez, 2006.
  • CERVINI, Raul. Os processos de descriminalização. 2. ed. rev. da tradução. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
  • FERREIRA, Francisco Amado. Justiça Restaurativa: Natureza. Finalidades e Instrumentos. Coimbra: Coimbra, 2006.
  • GERBER, Daniel; DORNELLES, Marcelo Lemos. Juizados Especiais Criminais Lei n.º 9.099/95: comentários e críticas ao modelo consensual penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.
  • Justiça Restaurativa. Revista Sub Judice - Justiça e Sociedade, n. 37, Out./Dez. 2006, Editora Almedina.
  • KARAM. Maria Lúcia. Juizados Especiais Criminais: a concretização antecipada do poder de punir. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
  • KONZEN, Afonso Armando. Justiça Restaurativa e Ato Infracional: Desvelando Sentidos no Itinerário da Alteridade. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
  • LEITE, André Lamas. A Mediação Penal de Adultos: um novo paradigma de justiça? analise crítica da lei n. 21/2007, de 12 de junho. Coimbra: Editora Coimbra, 2008.
  • MAZZILLI NETO, Ranieri. Os caminhos do Sistema Penal. Rio de Janeiro: Revan, 2007.
  • MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Fávio. Criminologia. Coord. Rogério Sanches Cunha. 6. ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
  • MULLER, Jean Marie. Não-violência na educação. Trad. de Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Atenas, 2006.
  • OLIVEIRA, Ana Sofia Schmidt de. A Vítima e o Direito Penal: uma abordagem do movimento vitimológico e de seu impacto no direito penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
  • PALLAMOLLA, Raffaella da Porciuncula. Justiça restaurativa: da teoria à prática. São Paulo: IBCCRIM, 2009. p. (Monografias, 52).
  • PRANIS, Kay. Processos Circulares. Tradução de Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2012.
  • RAMIDOFF, Mario Luiz. Sinase - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - Comentários À Lei N. 12.594, de 18 de janeiro de 2012. São Paulo: Saraiva, 2012.
  • ROLIM, Marcos. A Síndrome da Rainha Vermelha: Policiamento e segurança pública no século XXI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2006.
  • ROSA, Alexandre Morais da. Introdução Crítica ao Ato Infracional - Princípios e Garantias Constitucionais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
  • SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica: Introdução a uma Leitura Externa do Direito. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
  • SALIBA, Marcelo Gonçalves. Justiça Restaurativa e Paradigma Punitivo. Curitiba: Juruá, 2009.
  • SANTANA, Selma Pereira de. Justiça Restaurativa: A Reparação como Conseqüência Jurídico-Penal Autônoma do Delito. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
  • SANTOS, Juarez Cirino dos. A Criminologia Radical. 2. ed. Curitiba: Lumen Juris/ICPC, 2006.
  • SCURO NETO, Pedro. Sociologia Geral e Jurídica : introdução à lógica jurídica, instituições do Direito, evolução e controle social. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
  • SHECAIRA, Sérgio Salomão; Sá, Alvino Augusto de (orgs.). Criminologia e os Problemas da Atualidade. São Paulo: Atlas, 2008.
  • SICA, Leonardo. Justiça Restaurativa e Mediação Penal - O Novo Modelo de Justiça Criminal e de Gestão do Crime. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
  • SLAKMON, Catherine; MACHADO, Maíra Rocha; BOTTINI, Pierpaolo Cruz (Orgs.). Novas direções na governança da justiça e da segurança. Brasília-DF: Ministério da Justiça, 2006.
  • SLAKMON, Catherine; VITTO, Renato Campos Pinto De; PINTO, Renato Sócrates Gomes (org.). Justiça Restaurativa: Coletânea de artigos. Brasília: Ministério da Justiça e PNUD, 2005.
  • SÁ, Alvino Augusto de. Criminologia Clínica e Psicologia Criminal. prefácio Carlos Vico Manãs. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
  • SÁ, Alvino Augusto de; SHECAIRA, Sérgio Salomão (Orgs.). Criminologia e os Problemas da Atualidade. São Paulo: Atlas, 2008.
  • VASCONCELOS, Carlos Eduardo de. Mediação de conflitos e práticas restaurativas. São Paulo: Método, 2008.
  • VEZZULLA, Juan Carlos. A Mediação de Conflitos com Adolescentes Autores de Ato Infracional. Florianópolis: Habitus, 2006.
  • WUNDERLICH, Alexandre; CARVALHO, Salo (org.). Novos Diálogos sobre os Juizados Especiais Criminais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
  • WUNDERLICH, Alexandre; CARVALHO, Salo de. Dialogos sobre a Justiça Dialogal: Teses e Antiteses do Processo de Informalização. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002.
  • ZEHR, Howard. Justiça Restaurativa. Tradução de Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2012.
  • ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. Tradução de Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2008.